sexta-feira, 25 de abril de 2014

MOTIVAÇÃO

Motivação Infantil: sua importância para a vida adulta
Armando Correa de Siqueira Neto
selfpsicologia@mogi.com.br 
Psicólogo na Indústria e Comércio de Biscoitos Festiva em São Paulo. Desenvolve trabalhos e palestras com Psicologia Preventiva e eventos educacionais.
2004

Idioma: Português do Brasil 
Palavras-chave: Motivação humana, motivação infantil, motivação, motivação na criança

A motivação humana é observada desde tenra idade, sob diferentes formas. O bebê que busca a satisfação de sua fome, somada ao aconchego de um colo quente e acolhedor, demonstra, ao sugar o peito ou uma mamadeira, possuir motivação de sobra, através de seu instinto e da fisiologia que lhe cobra a nutrição e os afetos, expressos pelo choro, por vezes intensos e fortes, e os movimentos mais bruscos de braços e pernas.
Em outra época, cujo desenvolvimento permite certa independência de movimentos de locomoção e manipulação de objetos, vê-se outras possibilidades inerentes ao tipo de motivação na criança. No brincar, especial circunstância do cotidiano infantil, encontra-se rica fonte de informações acerca de seu mundo interno: suas emoções e pensamentos.
Para a criança, que busca entretenimento de diversas formas, valendo-se de sua ilimitada criatividade, os objetivos do brincar demonstram ter pouca importância, e sim, a sua exploração; o seu meio. Ao observá-la durante a brincadeira, percebe-se que há momentos em que ela apenas age sem qualquer finalidade ao brincar. Todavia, há circunstâncias em que a criança encontra uma finalidade naquilo que está fazendo. Por exemplo, ela pode encher uma pequena pá de areia e permanecer imóvel, tentando imaginar o que fazer com aquilo. E, pode, iniciar um movimento frequente de esvaziar a areia em uma caçamba de brinquedo. Demonstrando, assim, emprego concentrado de energia naquela atividade, além de manter-se estável na freqüência de seus comportamentos.
Isto posto, pode-se caracterizar tal situação, dividindo-a em duas etapas. A primeira, em que existe o objeto (pá e areia), porém, não há uma finalidade a ser atingida. A segunda, na qual é acrescido um novo elemento: a motivação, percebida na concentração exercida durante o freqüente movimento de encher a pá com a areia e esvazia-la na caçamba, repetidas vezes.
Portanto, observa-se a forte presença de motivação por meio de determinada atividade, presente em uma criança de tenra idade, aos dois anos, por exemplo.
Com o avançar da idade, nota-se novo momento de se construir a motivação. Uma forma de exemplificar este processo na psicologia infantil são as competências adquiridas. Tornar-se competente em seu meio social, leva a criança à motivação. Uma habilidade motora específica nos esportes pode ser desenvolvida e isto é capaz de acionar o desejo de se empreender tal atividade com determinado empenho. O reforço externo, relativo à performance das habilidades adquiridas vindo dos pais e conhecidos, possibilita o incentivo a motivação. Se a performance for percebida pela criança, ao adquirir um aperfeiçoamento, então, poderá levá-la a uma boa auto-estima, e também à motivação intrínseca ou interna.
  Por outro lado, a criança que pouco percebe as suas competências, necessita de maior estímulo externo, possui baixa auto-estima e demonstra-se ansiosa, e ainda, enxerga pouca perspectiva de melhora em suas habilidades.
O segredo está em conseguir conciliar o desenvolvimento da motivação intrínseca da criança (pela autopercepção dos avanços obtidos e o processo necessário), com o apoio da motivação extrínseca ou externa (avaliação dos adultos, informações a respeito, elogios verdadeiros, etc). Este tipo de desenvolvimento requer acompanhamento, contato e participação. Os afetos devem estar presentes, uma vez que são fonte fundamental de motivação, além das informações que se fazem presentes em cada situação. Boa dose de paciência e vontade complementam o arsenal de instrumentos necessários ao adulto para que colabore quanto ao desenvolvimento motivacional da criança.
 A motivação deve receber especial atenção e ser mais bem considerada pelas pessoas que mantêm contato com as crianças, realçando a importância desta esfera em seu desenvolvimento. A motivação é energia para a aprendizagem, o convívio social, os afetos, o exercício das capacidades gerais do cérebro, da superação, da participação, da conquista, da defesa, entre outros. Pais ou cuidadores, educadores e especialistas que lidam com as crianças podem levar em conta a construção motivacional na infância, antevendo as suas decorrências futuras, tais como a autopercepção e o hábito de desenvolver a motivação intrínseca, reduzindo a necessidade de buscar motivação extrínseca para a realização de alguma tarefa.
De que maneira os adultos compreendem a motivação na infância? Que tipo de acompanhamento é oferecido à criança, visando o seu desenvolvimento global e, particularmente o desenvolvimento da motivação? Que respostas relacionadas à motivação podem ser esperadas de um adulto que pouco desenvolveu a sua capacidade motivacional intrínseca na infância?
Ao compreender aspectos da motivação neste período da vida, facilita ao adulto o entendimento sobre que tipo de ajuda poderá oferecer à criança, desde que haja um compromisso nesta relação. A sua presença é fundamental. A criança se sente motivada a executar muitas tarefas em virtude do reconhecimento e impressões daqueles com quem convive, na tentativa de demonstrar a sua evolução e as conquistas que realiza. Os bons motivos serão sempre a chave para o desenvolvimento natural da criança, além de gerar harmonia entre os elementos internos e externos, parte de nossa própria natureza humana.
A motivação infantil tem lugar de destaque no desenvolvimento de nossa espécie. Não é algo que deva ser fonte de preocupação posterior. É no aqui e agora que as coisas acontecem. Esta oportunidade pode passar, e então, criar dificuldades em outro momento. Colaborar já é motivo de boa qualidade no convívio atual e especial preparação para o futuro. Motive-se também!
3 dicas para motivar os alunos
28/02/2012
Especialista em motivação educacional e comportamental elabora 3 dicas para ajudar os professores a motivar os estudantes
Crédito: Auremar/ Shutterstock.com
Obviamente temos recursos limitados para desenvolver relações com todos os nossos alunos. Mas uma sala de aula pode ensinar muito

De acordo com o especialista em motivação educacional e comportamental Dr. Richard Curwin as mudanças no ambiente escolarsão importantes para o desenvolvimento dos alunos. Para ele, é preciso oferecer alternativas para que essa mudança ocorra de forma natural na vida escolar. "É responsabilidade dos professores oferecer motivação e alternativas viáveis para que os estudantes tenham a capacidade de mudar", afirma Curwin, que dirige o programa de Mestrado em distúrbio de comportamento em David Yellin College, em Jerusalém.
  
Confira as 3 dicas selecionadas por Dr. Richard Curwin para motivar seus alunos:
1) Apreciação dos alunos
Há uma diferença entre a manipulação e a apreciação dos alunos. Manipular tem um destino final pré-determinado ("se você fizer isso, você vai ter isso".) enquanto apreciar é uma expressão de sentimentos originais. Apreciação é sempre dada após o comportamento de um aluno. Não é nem condicional nem pré-determinado. Quando apreciamos não estamos procurando repetir o desempenho. Avaliação vem do coração.
2) Introduza um desafio
Geralmente, quando desafiadas, a maioria das pessoas fica mais determinada e motivada a realizar o desafio da melhor maneira. Fornecer um desafio apropriado para os estudantes bate qualquer forma de recompensa para motivação. O truque é encontrar o nível mais adequado de desafio. Desafio muito fácil só constrói um pouco de orgulho e gera muita frustração. A melhor maneira de fazer isso é oferecer vários níveis de desafio e deixar o aluno escolher, como acontece em um jogo com vários níveis de dificuldade.

3) Conheça seus alunos e mostre cuidado
Pense nos melhores professores que você já teve no jardim de infância até a pós-graduação. Todos eles tinham uma coisa em comum: eles realmente se preocupavam com o seu bem-estar. Eles falaram com você sobre seus sentimentos em torno de questões escolares, seus sucessos, fracassos e necessidades. Obviamente, temos recursos limitados para desenvolver relações com todos os nossos alunos. Mas uma sala de aula pode ensinar muito mais que vida.


4 dicas de motivação para os alunos
09/02/2012
Você precisa de motivação para fazer sua lição de casa? Às vezes, todos nós precisamos de um pouco estímulo quando se trata fazer o nosso trabalho


(Crédito: Laser0114 / Shutterstock.com)
(Crédito: Laser0114 / Shutterstock.com)

Gracie Fleming, especialista norte-americana em educação, observou durante anos alunos com falta de motivação para fazer as tarefas diárias. Na tentativa de mudar esse quadro na educação nacional ela entrevistou vários alunos buscando respostas para a falta de vontade de realizar as tarefas. Com base nesses resultados, desenvolveu uma série de exercícios de motivação para ajudar os estudantes a fazer melhor a lição de casa.
  
Se você acha que a lição de casa é muito antiquada e está de saco de cheio de fazer, pode encontrar inspiração nas dicas a seguir:

Dica de motivação para alunos: 1) Tenha perspectiva
Quando você começar a sentir que a lição de casa é uma chatice, pense sobre os motivos que estão levando você a fazer a lição de casa. O trabalho que você faz agora é realmente importante para o seu desenvolvimento, mesmo que isso seja difícil de enxergar. Tudo será base para o seu alicerce no futuro.

Dica de motivação para alunos: 2) Escolha uma área
Você é um gênio da matemática? Um grande escritor? Você é artístico ou bom em resolver quebra-cabeças? A boa notícia é que você não precisa amar tudo. Basta escolher uma área que você ama e se tornar o especialista em sua escolha. Depois de se tornar perito em seu campo, você vai ganhar confiança em si mesmo e tornar-se mais tolerante com as outras matérias que não gosta tanto.

Dica de motivação para alunos: 3) Seja competitivo
Pense em cada projeto como um desafio e se proponha a fazer sua tarefa melhor do que ninguém. Tente surpreender a todos, incluindo o professor, fazendo um excelente trabalho. Coloque as suas cabeças juntas e trace um plano para superar a multidão popular. Você verá que isso pode ser muito inspirador! 

Dica de motivação para alunos: 4) Tenha apoio
É lamentável, mas é verdade: alguns alunos não recebem muito incentivo ou apoio quando se trata de trabalho escolar. Alguns não têm qualquer incentivo da família. Há muitas pessoas que se importam muito que você tenha sucesso na escola.



10 dicas para envolver alunos com baixo desempenho
06/12/2011
Professores do Cochrane Collegiate, nos Estados Unidos, implementaram 10 métodos que ajudam alunos com baixo desenvolvimento

Os professores devem colocar o método em prática em todas as lições, todos os dias

Os professores da Cochrane Collegiate Academy, na Carolina do Norte, Estados Unidos, desenvolveram um modelo de instrução chamado “Aprendizado Alternativo” (Alternative Learning em inglês) para alunos que apresentam baixo desempenho em sala de aula.

O método é uma junção das suas 10 melhores práticas chamadas de “não negociáveis”. Os professores tentam colocá-las em prática em todas as lições, todos os dias. Confira a seguir:


1) Pergunta essencial:
Qual é o objetivo pretendido com a lição? Lembre-se de fixar apenas uma questão essencial por aula e osalunos devem ser capazes de responder a essa pergunta até o final da lição. Com essa questão, os professores precisam ser bem específicos sobre o que eles querem que os alunos façam e qual é o nível máximo de aprendizado. Os estudantes têm que ser capazes de analisar e aplicar o conteúdo, não apenas responder a questão com “sim” ou “não”.


2) Estratégia de ativação:
É uma estratégia que estimula os estudantes ativamente, pensando ou fazendo uma conexão com o material que está sendo apresentado no dia. Faça uma conexão do conteúdo com o mundo exterior para ver o quanto seus alunos já sabem ou se lembram.
Com a tecnologia disponível atualmente, uma boa opção são os videoclipes. Os estudantes adoram ver seus vídeos e desenhos favoritos como material de estudo. À primeira vista, eles não sabem o que vai acontecer. Então, se focam apenas no vídeo, mas depois que o professor fornece a conexão os estudantes começam a se interessar pelo conteúdo.

3) Vocabulário relevante:
Vocabulário relevante deve estar presente nas suas lições. Mas mantenha seu vocabulário limitado ao que os seus estudantes são capazes de lidar. E tenha certeza de que as palavras estão sendo usadas no contexto correto. Seus alunos devem interagir com as palavras.
Os professores precisam saber o que é mais importante e efetivo. O vocabulário pode ser ensinado por meio de recursos gráficos, experiências dos alunos ou o que você acreditar que pode melhorar o desempenho dos seus alunos.
4) Tempo limitado:
Sua aula deve ter um tempo limitado. Depois de 12 a 15 minutos de palestra, envolva os alunos em alguma atividade, mesmo curta, que dure apenas alguns minutos.
Os alunos não são capazes de manter a atenção por tempos muito longos, por isso, sua aula deve ser fragmentada. É importante envolver os alunos em atividades diferentes da rotina. Depois de dois ou três minutos que eles estiverem em uma atividade, retome o assunto por mais alguns minutos.


5) Gráficos organizadores:
O uso de gráficos organizadores permite que os alunos classifiquem informações de forma visual, além de rever informações mais antigas.
Os alunos precisam ser capazes de conceituar as informações que lhes estão sendo oferecidas. O gráfico é um modo agradável para o estudante fazer isso. Ao olhar para informações organizadas é mais fácil fixar a informação. E ao estudar o aluno prefere olhar para um gráfico bem organizado do que ler um caderno com milhares de anotações.

6) Movimente os estudantes:
Se movimentar é uma necessidade dos estudantes. Em algum ponto durante a instrução eles necessitam de movimento. Isso garante que eles estejam ativamente engajados.
Esse é, provavelmente, o maior desafio dos professores, porque pode ser intimidante colocar os estudantes em movimento. Mas é possível colocar os estudantes para se movimentar de várias formas, especialmente porque alunos não gostam de ficar sentados.
7) Pensamentos de ordem superior:
Apresente aos alunos pelo menos três pensamentos de ordem superior durante a aula. Faça perguntas desafiadoras, que coloquem seus alunos para pensar.
A forma de apresentar essas perguntas é diferente e as respostas podem indicar o nível de aprendizado dos seus alunos. A pergunta, que deve ser feita de forma igual para todos os seus alunos, pode ser respondida de formas diferentes por um aluno avançado e um mais lento.
8) Resuma:
Resuma para aproximar as lições do fim. Essa será a sua oportunidade de avaliar a capacidade dos seus alunos de responder efetivamente as questões essenciais, além de perceber se será necessário desenvolver melhor essa habilidade.
Os professores devem procurar maneiras criativas de fazer com que os alunos respondam a questão essencial do início da aula. A capacidade do aluno de responder essa questão de forma objetiva é uma maneira de o professor analisar o nível de aprendizagem do aluno. Esse é o momento em que o professor sabe se já pode avançar com o conteúdo ou se deve retroceder nas informações passadas.
9) Rigor:
As aulas devem ser rigorosas. As atividades devem ser desafiadoras e se moverem em um ritmo acelerado. Não dê aos alunos a oportunidade de ficarem entediados, nem períodos de tempos ociosos. Toda aula deve trazer uma lição ativa.
Os professores precisam levar seus alunos para o nível mais alto de conhecimento. Fique no pé, estabeleçatempo para que as atividades sejam realizadas e maximize o tempo de aprendizado.
10) Foco no aluno:
Todas as suas lições devem ser focadas nos alunos, no seu sucesso. Os caminhos pelos quais os estudantes são instruídos devem deixar isso claro. A tecnologia pode ser uma aliada nisso, já que proporciona aos alunos habilidades únicas e relevantes para a aplicação no mundo real. Isso deve ser uma parceria: se você tem 100% de eficácia no seu plano de ensino, os alunos aprendem.
O professor deve ser um facilitador do aprendizado e não o doador de todo o conhecimento. É necessário ensinar os alunos a pensarem de forma crítica ao longo da vida, essa é a missão do professor.



quinta-feira, 24 de abril de 2014

Jornal

Jornal na sala de aula: leitura e assunto novo todo dia
O trabalho com jornais, além de ampliar o universo dos alunos, ajuda a formar leitores competentes e torna as suas aulas mais interessantes
Agnes Augusto (novaescola@fvc.org.br)
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Adriana, do Colégio Cristo Rei, de Marília: alunos sentem falta de notícias
Em tempos de interatividade via telefone celular e internet, fazer com que as crianças se interessem pela leitura de jornais não é tarefa das mais fáceis, mas certamente é fundamental para formar leitores habituais e cidadãos bem-informados. Trazendo textos com características distintas, fotografia e recursos gráficos, os jornais são uma fonte respeitada para pesquisa e para a obtenção de informação sobre o mundo atual. Além disso, eles se modernizaram e passaram por reestruturações gráficas e editoriais para proporcionar leitura mais agradável de seu conteúdo.
Para uma criança tomar gosto pelos periódicos, o primeiro passo é acabar com a idéia de que jornal é coisa de "gente grande". Dentro da gama variada de assuntos abordados, certamente são encontradas notícias locais ou de entretenimento que atraem também os pequenos. É importante fazer os alunos se relacionarem com o jornal como se fossem leitores comuns: eles devem manuseá-lo por inteiro (não só textos recortados), aberto sobre uma mesa, no chão ou dobrado; e buscar os cadernos que mais interessam, vendo fotos e lendo títulos, subtítulos e o início de cada reportagem, para saber se vale seguir até o final. "É comum a pessoa iniciar a leitura pela área de que mais gosta, mas isso não significa que ela irá até o fim do texto", afirma Maria José Nóbrega, consultora de Língua Portuguesa. 

Informação total

Apresentar textos cortados, sem referências nem ilustrações - prática comum em livros didáticos - , não é uma maneira eficaz de formar leitores de jornal. Maria Alice Faria, professora aposentada da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Assis, explica que o contexto da edição e da publicação traz informações importantes, que são ocultadas quando se destaca apenas um pedaço. "O professor deve levar jornais inteiros para a sala de aula, mesmo que antigos, pois nem todos os alunos têm acesso a ele ou intimidade com esse meio de comunicação", completa.
 

Juvenal Zanchetta Jr., professor da Unesp de Marília e parceiro de Maria Alice na elaboração de obras sobre o tema, diz que o trabalho com o jornal deve ser permanente: "Aos poucos, essa atividade se torna mais complexa com a ampliação da capacidade de leitura dos alunos". Os menores começam identificando a estrutura da mídia e dos textos nela publicados, redigindo pequenas notas. Da 4ª série em diante, eles já podem fazer um produto semelhante. Depois da 5ª, é possível chamar a atenção da turma para as opções políticas e ideológicas de cada publicação, comparando o tratamento dado a um mesmo fato em diferentes jornais.
 

Antes de começar qualquer trabalho, porém, o professor precisa buscar informação sobre os jornais em estudos desenvolvidos na área e conhecer um pouco da linguagem gráfica (veja sugestões de leitura no quadro Quer saber mais?).
 

É comum ver professores e alunos frustrados com o exercício de fazer jornal na escola, pois a expectativa que se cria em torno desse tipo de atividade é muito grande. "A atividade deve ser um meio e não um fim", explica Zanchetta. "Serve para o professor estimular os alunos a escrever, a argumentar, a trabalhar em grupo, entre outras questões." Na produção com turmas de séries iniciais, é preciso levar em conta que a diversidade de gêneros pode confundir os alunos. "Se a edição é feita por uma só turma, produzir um boletim apenas com textos informativos é mais produtivo do que explorar, ao mesmo tempo, os diversos gêneros", ressalva a professora Celina Bruniera, consultora para o ensino de línguas e selecionadora do Prêmio Victor Civita Professor Nota 10.
 

Aprender a ler notícias 

Adriana Pastorello, professora da 4ª série do Colégio Cristo Rei, em Marília, no interior de São Paulo, trabalha há dois anos com jornais em sala de aula. Durante os primeiros meses, ela faz um trabalho de sensibilização com a criançada. "Peço para a bibliotecária guardar exemplares durante as férias e, nas aulas iniciais, distribuo um para cada aluno", conta. Apesar da resistência dos pequenos dizendo que "jornal é coisa de velho", que "suja a mão" ou que "tem palavras difíceis", Adriana apresenta o produto, ensinando-os a manipulá-lo, a dobrá-lo, a diferenciar os cadernos, a ver as fotos, as legendas, as manchetes, os títulos e as colunas.
 

Em seguida, ela coloca a abertura da reportagem - o lide (leia quadro O Jargão Jornalístico) - em um retroprojetor e explica que ele é formado por seis questões básicas: o quê, quem, quando, onde, como e por quê. Seguindo o texto, a turma encontra nos primeiros parágrafos - se a reportagem estiver bem escrita - as respostas para essas perguntas. O próximo passo é rascunhar, em grupo, um lide sobre um fato ocorrido na escola.
 

Na etapa posterior, Adriana pede para os alunos lerem todos os dias uma notícia em casa ou na biblioteca da escola, que recebe dois jornais de circulação nacional e dois de interesse local. Em classe, a professora escolhe alguns estudantes para contar aos colegas o que leram. "Normalmente eles procuram notícias sobre assuntos já estudados em sala de aula ou que tenham relação com a cidade", exemplifica.
 

Mídias comparadas

Além de discutir os fatos com as crianças, Adriana compara a leitura do jornal com sua versão na internet (as crianças preferem ler no papel, por ser mais fácil encontrar as notícias), discute a diagramação (o motivo pelo qual uma notícia aparece em cima e outra embaixo da página, em títulos com letras maiores ou menores) e aborda as diferentes maneiras de tratar o mesmo tema — comparando com outras publicações ou com telejornais. Ela aponta ainda as diferenças entre os vários gêneros textuais (artigo, reportagem, classificados, horóscopo etc.). "No início, eu tive dúvida sobre o sucesso dessa atividade", confessa Adriana. Hoje, ela admite que, no final de cada ano, seus alunos se tornam leitores habituais de jornal e até sentem falta de notícias novas todos os dias.
 

A experiência de Mônica Gouvêa França Pereira, professora da 4ª série do Colégio Santa Cruz, na capital paulista, avança para a edição de um jornal depois de todo o trabalho de análise, de comparação e de discussão do texto jornalístico. O "Jornal do Santa" nasce no mural de cortiça da classe, que é dividido em seções - como se fossem os cadernos dos jornais comuns. Lá os alunos fixam notícias que trazem de casa antes de discuti-las com os colegas. Ao partir para a produção, ela chama a atenção para três aspectos do texto jornalístico: a linguagem direta; os tempos verbais utilizados nos títulos, textos e legendas; e a estrutura da notícia (abertura, desenvolvimento e conclusão). Por fim, discute-se o perfil do futuro leitor da publicação, no caso, colegas, pais, professores e funcionários.
 

Montadas as equipes de reportagem (grupos de quatro), começam as reuniões para a definição de pautas, geralmente relacionadas à comunidade e ao comportamento dos alunos. Tabelas e gráficos também entram nas reportagens, utilizando-se aí conhecimentos de Matemática, na área do tratamento da informação. Na aula de Inglês, as crianças elaboram a seção de divertimento, chamada fun pages, com cruzadinhas, caça-palavras e jogos em inglês. Formam-se duplas de redatores (que vão apurar, pesquisar e redigir) e de diretores de arte (responsáveis pelas fotos, ilustrações, gráficos, diagramação, revisão do texto, além de auxiliar na escolha de olho, título e legenda). Cada equipe assina a página que elaborou.
 

Na hora da diagramação, a professora coloca uma folha de papel A3 (29,7cm x 42cm) no quadro-negro. Os alunos colam as fotos e os textos feitos em computador nos lugares onde desejam que o material seja publicado. Esse rascunho é encaminhado para o departamento de informática da escola. Lá, uma diagramadora monta tudo no Page Maker, um programa de computador específico para esse trabalho. A edição é impressa em uma gráfica contratada para esse fim. O resultado é um jornal com 64 páginas e cinco cadernos (Comportamento, Cotidiano, Santa Cruz, Cultura e Turismo). Detalhe: as crianças da 3ª série fazem as matérias de Turismo e as da 2ª os Classificados.
 

"Um trabalho como esse desenvolve a autonomia das crianças, tornando-as verdadeiros alunos-repórteres, e as desperta para a importância da leitura periódica de jornal", comemora Mônica. Os 1800 exemplares do jornal são enviados em dezembro para a casa de todos os alunos.
FAZENDO O PRÓPRIO JORNAL

Ao produzir um jornal em sala de aula, procure não valorizar demais o produto final, pois dificilmente ele será parecido com os modelos conhecidos. Dê mais importância ao processo de produção, estimulando o uso de:
 

- Diferentes gêneros textuais de imprensa (artigo, reportagem, fotojornalismo).
 

- Diferentes funções e níveis de linguagem presentes nos jornais.
 

- Noções gramaticais diversas.
 

- Recursos de pesquisa, do trabalho coletivo e interdisciplinar.
 

- Estratégias que ajudem a firmar a identidade dos alunos.
 

O passo-a-passo 

- Defina com a turma como será o jornal: impresso (e distribuído) ou mural (afixado). 

- Forme grupos de trabalho com professores, alunos, funcionários e distribua responsabilidades.
 

- Marque reuniões regulares para tomar decisões e avaliar resultados.
 

- Defina o público para o qual se dirige a publicação.
 

- Escolha o nome e o logotipo.
 

- Avalie a necessidade e a disponibilidade de recursos materiais, como papel, máquinas fotográficas, gravadores para entrevista, computadores, despesas em geral (filmes, revelação, gráfica etc.), além de patrocinadores e publicidade.
 

Conteúdos e seções

O perfil temático pode ser definido pela turma, sob a sua coordenação. Opções:
 

- Ser porta-voz da direção da escola.
 

- Ser porta-voz dos alunos.
 

- Abordar temas gerais, atualidades, temáticas locais ou gerais, assuntos da escola.
 

- Relacionar a escola à comunidade.
 

- Debater temas "quentes".
 

- Promover entretenimento.
 

Projeto gráfico 

É o que vai definir a cara do jornal. Para isso, a turma deve: 

- Analisar o projeto gráfico de outros jornais e elaborar um específico para o jornal da escola.
 

- Criar uma identidade visual, ou seja, escolher o tipo das letras para os títulos, textos e legendas, o uso ou não de cores — e quais; o uso ou não de ilustrações etc.
 

- Estabelecer as seções que aparecerão sempre no mesmo espaço.
 

- Indicar em um quadro a relação dos responsáveis pela produção e pela realização do jornal (o expediente).
 

Evite 

- Transformar o jornal em apostila de aula ou em páginas grampeadas. Jornais devem ter visual e linguagem próprios.
 

- Utilizar linguagens específicas dos gêneros jornalísticos.
 

- Usar lugares-comuns, como o excesso de piadas, de textos pessoais de alunos, poesias, em vez de trazer coisas novas.
 

Quadro preparado por Maria Alice Faria e Juvenal Zanchetta Jr
O jargão jornalístico
Para entender a linguagem jornalística, é bom conhecer alguns termos usados no dia-a-dia das redações. 

Artigo - Texto que traz a opinião e a interpretação do autor sobre um fato. Geralmente é assinado e não reflete necessariamente a opinião da publicação.

Editorial - É a opinião da empresa que publica o periódico sobre temas relevantes. Não é assinado.

Entrevista - Contato pessoal entre o repórter e uma ou mais pessoas (fontes) para coleta de informações. Também designa um tipo de matéria jornalística redigida sob a forma de perguntas e respostas (também conhecida como pingue-pongue).

Legenda - Texto breve colocado ao lado, abaixo ou dentro de foto ou ilustração, que acrescenta informações à imagem.

Lide - Abertura de um texto jornalístico. Pode apresentar sucintamente o assunto, destacar o fato principal ou criar um clima para atrair o leitor para o texto. O tradicional responde a seis questões básicas: o quê, quem, quando, onde, como e por quê.

Manchete - Pode ser tanto o título principal, em letras grandes, no alto da primeira página de um jornal, indicando o fato jornalístico de maior importância entre as notícias contidas na edição, ou o título de maior destaque no alto de cada página.

Nota - Pequena notícia.

Notícia - Relato de fatos atuais, de interesse e de importância para a comunidade e para o público leitor.

Pauta - Agenda ou roteiro dos principais assuntos a ser noticiados numa publicação jornalística.

Reportagem - Conjunto de providências necessárias à confecção de uma notícia jornalística: pesquisa, cobertura de eventos, apuração, seleção dos dados, interpretação e tratamento.

Verbetes adaptados do Dicionário de Comunicação, de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa, Ed. Ática 

Para uma leitura eficiente 

Ao levar jornais para a sala de aula, é preciso envolver seus alunos com a linguagem utilizada por esse meio. Veja como:
 

- Respeite a integridade do texto publicado, não cortando partes dele para não mudar a informação original.
 

- Caso não consiga levar o jornal inteiro para a sala, indique sempre o título da publicação, a data, a página e o nome do autor da matéria.
 

- Preserve as fotos com as legendas originais e o nome do fotógrafo.
 

- Escolha vários gêneros textuais para leitura e análise.
 

- Ressalte que a notícia relatada no texto jornalístico não é exatamente o fato, mas a versão do jornal sobre esse fato.
 

- Promova a leitura comparativa entre dois veículos para desenvolver o olhar crítico.
 

- Estimule a identificação das características dos possíveis leitores de cada jornal, facilitando a percepção do aluno com relação à constituição de um texto informativo.